É sexo a mais pá…  as inutilidades da Medicina Chinesa

Aqui está uma das maiores fraquezas da medicina chinesa. A generalização excessiva que leva a possíveis afirmações mais cómicas. Para avisar o leitor: este artigo não tem nada a ver com más análises da medicina chinesa. Tem a ver com uma crítica direta à mesma.

De acordo com a teoria básica o Jing inato (proveniente dos nossos pais) encontra-se nos Rins. Aos rins podem associar-se determinados sintomas como fraqueza dos membros inferiores, alterações urinárias ou sexuais. Impotência, aumento do débito urinário são sintomas que denunciam afecções a nível do rim.

O sexo a mais e o desgaste do rim

Uma associação rápida: após uma relação sexual extenuante com ejaculação o homem sente fraqueza dos membros inferiores. A fraqueza dos membros inferiores é desencadeada pelo desgaste a que o Rim foi sujeito durante a relação sexual e posterior ejaculação. Como disse esta é uma associação que se pode fazer imediatamente.

Obviamente que o desgaste do Rim durante a relação sexual afecta principalmente o homem. A mulher não desgasta o Jing inato durante a relação sexual mas sim durante a gravidez e parto. Algumas leitoras poderão estar a pensar que também já sentiram as pernas tremer após as relações sexuais. A razão pela qual os chineses consideraram que o homem era o único afectado ainda me escapa. Talvez tenha a ver com a frequência e duração do coito em terras do oriente… brincadeiras de lado vamos ao que interessa.

Uma generalização clinicamente inútil

Os livros generalizaram que quando se fala em patologias cuja patogenia pode estar ligada ao Rim se deve a excessos sexuais. Não pode ser unicamente devido à fraqueza constitucional do Jing inato? O Jing inato pode estar afectado e provocar determinadas doenças, mas mesmo assim os pacientes poderão ter uma vida sexual normal… ou pelo menos minimamente satisfatória.

Fica também difícil explicar a muitos doentes as razões da sua doença. Como dizer a um doente com Esclerose Múltipla que a culpa é do sexo a mais que ele fez 5 anos atrás? Como explicar este excesso libertino a um padre com Parkinson? Ou a um paciente com Alzheimer?

Podemos sempre levar a coisa na boa. Um paciente diz-nos que sofreu um AVC e nós arrematamos com um simples: “isso é sexo a mais pá!” E será que já chegámos ao que interessa?