Agora começa-se a chamar mais a atenção para as interações farmacológicas entre fitoterapia e medicação ocidental e muitos acupunturistas ficam com dúvidas sobre o que prescrever ou quando prescrever! Mesmo sabendo algumas interações farmacológicas existem milhentas outras que nãos e conhecem.

Então como deve proceder um acupunturista ao prescrever fitoterapia num paciente medicado?

Quando não prescrever fitoterapia num paciente medicado?

Em casos de pacientes muito debilitados e com muitos medicamentos eu prefiro não prescrever fitoterapia. Pacientes com historial clinico complicado com diabetes, hipertensão, colesterol, possíveis AVCs no passado, entre outras coisas são pacientes muito medicados.

Alguns pacientes chegam a ter 6, 9 ou mesmo 15 medicamentos. Nestes pacientes eu prefiro não prescrever fitoterapia por precaução.

Como prescrever fitoterapia num paciente medicado

Em casos de ter pacientes medicados em que decidimos prescrever fitoterapia eu aconselho a seguir um modelo de aproximação à dose ideal e observar a resposta do paciente.

Vamos supor que se decide prescrever uma fórmula de fitoterapia num paciente com 4 ou 5 medicamentos. A prescrição, neste caso, está dependente de não se conhecer nenhuma contra-indicação na prescrição (por exemplo fórmulas com angélica chinesa vão potencializar a ação de anti-coagulantes e devem ser evitadas ou usadas com muito cuidado em pacientes com AVC e fortemente medicados).

Se, nesse paciente hipotético, se decidir prescrever uma fórmula com uma toma de 6 cápsulas diárias (2 a cada refeição) então aconselho, por exemplo, a começar com 1 cápsula diária e ver a resposta do paciente à medicação.

Numa fase inicial a prescrição de fitoterapia com doses tão baixas não terá qualquer efeito clinico observável.

A lógica, por esta altura, consiste em verificar se existem alterações na resposta à medicação ocidental, aumento de efeitos secundários dos medicamentos ou aparecimentos de sintomas estranhos e fora do quadro clinico do paciente.

Na ausência de qualquer anomalia é possível aumentar ligeiramente a dose e assim sucessivamente até se chegar à dose desejada. É um processo mais delicado e moroso onde é necessário analisar a segurança do paciente antes de se fazer o tratamento completo.

Quando se atinge a dose desejada e após um tempo nãos e notam melhorias deveria retirar-se a fórmula para evitar qualquer efeito que possa surgir a longo prazo e que seja desconhecido.

Prescrever fitoterapia num paciente medicado não devia ser um ato isolado

A questão mais importante é que nestes pacientes, este tipo de estratégias deveria ser sempre feita com o conhecimento do médico que acompanha o paciente.

Deveria ser um trabalho conjunto sendo que o paciente deveria ser seguido mais de perto de forma a detetar precocemente qualquer sinal de perigo.

Conclusão

Certa vez surgiu-me na clinica uma paciente com um historial clinico complicado. A paciente tomava todos os dias perto de 15 medicamentos prescritos pelos mais diversos médicos e de seguida ainda tomava perto de 15 produtos naturais desde chás a comprimidos. Quantos dos sintomas da paciente estavam a ser provocados por interações entre medicamentos e fitoterápicos?

Prescrever fitoterapia num paciente medicado pode ser complicado e muito arriscado. Noutros será perfeitamente seguro. Só a experiência profissional e a constante busca de saber poderá definir uma prática correta e segura para o paciente.

Em última análise a segurança do paciente deve ser prioritária. Eu não prescrevi nada na paciente em questão. E o leitor o que faria?