Prescrição fitoterapia: sem controlo de qualidade

Uma das criticas que se fazem é que os suplementos, e neste caso a fitoterapia (que é a parte que nos interessa) não tem o mesmo controlo de qualidade que os medicamentos ocidentais. A prescrição fitoterapia usufrui de benefícios discriminatórios.

Sem dúvida que existem imensos problemas. Os suplementos para perder peso e dar virilidade acabam por estar contaminados com medicamentos ocidentais. Já repararam que após a descoberta de medicamentos para disfunção erétil começaram a surgir uma série de suplementos com combinalções milagrosas de plantas medicinais que acabam por ter efeitos muito parecidos com os medicamentos ocidentais?

A fitoterapia chinesa muitas vezes é produzida em terrenos contaminados com metais pesados e é armazenada em locais sem condições para tal. Juntando a este problema o problema da confusão sistemática de ervas e drogas temos que muitas fórmulas tem plantas diferentes daquelas que estão na composição da fórmula e estão contaminadas com químicos ou metais pesados nocivos à saúde.

Nós prescrevemos fórmulas e tomamos fórmulas e deveríamos ser os primeiros a exigir a sua fiscalização.

 

O exemplo da Blue Poppy

Antes de usar a gama de fitoterapia da Blue Poppy como exemplo gostaria de salientar que eu não trabalho para a Blue Poppy, nunca ganhei dinheiro com a venda de fitoterapia da Blue Poppy e não tenho qualquer interesse financeiro, atual ou futuro, na Blue Poppy.

Ao longo das minhas pesquisas sobre as gamas de fitoterapia houve vários fatores que me levaram a preferir a Blue Poppy. 3 deles foram: o uso de métodos laboratoriais para distinguir plantas quando necessário, aprovação pela FDA (Food and Drug Administration) e controlo de qualidade das fórmulas por um laboratório independente.

Na minha opinião se estas fórmulas são vendidas em Portugal elas deveriam ser fiscalizadas pelo infarmed para controlo de qualidade tal como acontece com qualquer medicamento. E isto é independente de todas as análises que foram feitas noutros países.

Eu tenho segurança nas fórmulas mas não prescindo de mais controlos de qualidade. Eu não uso, não prescrevo e não aconselho, fórmulas compradas online a empresas virtuais que prometem milagres e não dão qualquer garantia da qualidade das mesmas.

 

Prescrição fitoterapia: sem estudos científicos

As indicações clínicas das fórmulas das farmacopeias tradicionais encontram-se definidas nos livros de medicina tradicional dos países de origem. Não são trabalhos científicos. Mas não são inutilidades, não são livros de obscurantismo inútil.

Desde há muitos anos que as empresas farmacêuticas enviam investigadores estudar as farmacopeias tradicionais de povos indígenas para descobrirem novos medicamentos.

É verdade que as farmacopeias tradicionais não são tratados de bioquímicas assegurados por centenas de estudos científicos devidamente comprovados por equipas independentes. Mas são a base de trabalho para a procura de novos medicamentos pelo simples facto que elas conseguem aliviar sintomas.

Os recentes estudos para descobrir novos medicamentos radioprotetores tem usado extensamente a farmacopeia tradicional indiana. Os estudos in vitro e in vivo tem confirmado os dados fornecidos pelas farmacopeias tradicionais. A quantidade de estudos é de tal forma esmagadora que é um erro assumir que não existem estudos científicos credíveis a defender o uso de fitoterápicos.

 

Prescrição fitoterapia: sem certezas clinicas

Apesar de existirem estudos in vitro e in vivo (em modelos murinos, por exemplo) a demonstrar não só alguns efeitos clinicos como os seus mecanismos de ação celular é verdade que existem imensas dúvidas sobre a aplicação clínica de fitoterapia em seres humanos em pleno século XXI.

A estas incertezas acrescem perigos como potenciais efeitos secundários danosos provocados por tomas prolongadas (como ficou tristemente conhecido o caso da Aristolóquia) ou a interação farmacológica com medicamentos ocidentais.

Deveria por isso a prescrição de fitoterapia ser proibida? Nem de longe e por várias razões.

Em primeiro lugar, é impossível definir uma fronteira exata entre o que pode ser tomado ou não (o chá de plantas diuréticas pode ter efeitos secundários se tomado em excesso, as bagas Goji podem interagir com medicamentos anti-coagulantes) e por quem pode ser tomado. Cada caso deve ser analisado em separado o que significa que é impossível aplicar uma proibição deste tipo.

Em segundo lugar é verdade que existem perigos associados à toma descontrolada de alguns fitoterápicos mas também existem imensos casos que mostram muitos benefícios. Estudos epidemiológicos mostraram que o chá verde foi importante para atenuar o crescimento das taxas de cancro do pulmão no Japão, a curcumina foi descoberta ao notar-se que populações que consumiam muito caril tinham taxas de cancro de intestino inferiores a população que não consumiam caril frequentemente. Ou seja, estudos epidemiológicos, vigilância dos pacientes, diálogo e aprendizagem constantes fazem com que sejamos capazes de ultrapassar estes problemas e atingir melhores níveis de saúde.

Em terceiro lugar é necessário admitir que, mesmo sem muitas certezas clinicas, o uso de fitoterapia beneficia a saúde de muitas pessoas que de outra forma não conseguiriam aliviar os eu sofrimento. Não vamos ser hipócritas, a morfina e outras drogas foram feitas a partir da fitoterapia, a raiz de salgueiros não deixou de ter ácido acetilsalícilico depois de se criar a aspirina.

Em quarto lugar é lícito objetar que a fitoterapia nunca vai ter estudos como os medicamentos uma vez que a indústria farmacêutica não vai estar a pagar por esses estudos. Ainda por mais quando alguns desses estudos podem colocar em causa a venda de medicamentos. A razão pela qual atyalmente existem tantos estudos de fitoterápicos é porque os mesmos são necessários para se desenvolverem novos medicamentos.

 

Prescrição fitoterapia: definir prioridades num trabalho de equipa

Na sociedade atual com os choques, muitas vezes prevísiveis, entre uma medicina científica e futurista e cuidados de saúde tradicionais urge discutir qual é que deve ser a prioridade de cada tratamento. Como devem os profissionais trabalhar em conjunto ou se devem trabalhar em conjunto, etc…

Na minha opinião qualquer grupo de conhecimentos sustentado cientificamente deve ter prevalência sobre um conjunto de conhecimentos tradicionais que não foi escrupulosamente analisado à luz da ciência.

O que significa que, em muitos casos, a medicina ocidental deve ter primazia sobre tudo o resto. A prescrição de fórmulas tradicionais deve ser secundária e não pode pôr em causa o trabalho do médico. Isto não significa que o paciente não tenha escolha ou que os tratamentos médicos não possam ser trocados por outros tratamentos.

Os pacientes deviam ser aconselhados a informarem o médico de outros tratamentos que façam, devia haver mais comunicação entre médicos e profissionais que prescrevem fitoterapia (nutricionistas, acupuntores, naturopatas), os pacientes deviam informar-se e tomar decisões conscientes sobre as escolhas de tratamento para a sua saúde. Um trabalho conjunto entre diferentes profissionais faz com que seja possível ampliar ou limitar a ação de tratamentos médicos ou complementares com maior beneficio para os pacientes.

 

Conclusão sobre prescrição fitoterapia

A prescrição fitoterapia pode vir acompanhada de alguns riscos. Estes riscos são facilmente atenuados e a sua existência pode ser boa ao obrigar a uma maior interação entre diferentes profissionais de saúde.

É importante, quando discutimos estes problemas saber afastar as crenças ou interesses financeiros dos diferentes profissionais de saúde de forma a conseguir disponibilizar os tratamentos mais seguros e eficazes.