Muitas vezes ouvem-se os médicos atacar e contestar as medicinas não convencionais, sejam idóneas ou não. Atacam os acupuntores, com excepção dos colegas que fazem acupuntura, atacam o reiki, a medicina quântica, a homeopatia, a osteopatia, etc…

Muitas das críticas que fazem tem razão de ser. O atendimento, apesar de muito simpático, é desprovido de segurança e os conselhos dados por muitos desses terapeutas estão perto daquilo que se poderia chamar Lixo. O leitor por esta altura já me deverá conhecer suficientemente bem para saber a minha opinião acerca da maioria das chamadas medicinas alternativas.

Existem terapeutas que não sabem fazer a diferença entre clínica e religião, existem terapêuticas que ajudam mais os pacientes a desenvolver as suas neuroses do que em curá-las, existem terapeutas a prometerem curas ilusórias ou terapeutas que definem qual a medicação médica que o paciente deve ou não tomar.

Por muito que se critiquem estes terapeutas, uma coisa é certa. Muitas das vezes os grandes culpados por este tipo de situação são os próprios médicos. É a arrogância, a desumanidade, a incompetência médica que conduz muitos destes pacientes para outras alternativas. Alguns destes pacientes vão ter sorte, outros nem por isso.

Um destes casos passou-se comigo. Certa vez fui chamado para fazer um domícilio de urgência. O paciente queixava-se de lombalgia derivado da presença de cálculos renais. A dor era insuportável para o paciente e a medicação dada pelo médico só agravou a situação. Não conseguiu tratar a dor e ainda agravou sintomas digestivos provocando náuseas e vómitos de tal forma que o paciente já não conseguia tomar a medicação, não conseguia comer e muito menos beber água.

Quando tratei este paciente tive de fazer dois tratamentos distinctos: um para a lombalgia e outro para o sistema digestivo de forma a aliviar os sintomas e permitir ao paciente beber água e comer normalmente. Durante o dia do tratamento o paciente referiu uma total ausência de dor e conseguiu jantar normalmente e beber água.

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Na mesma madrugada surgiu nova crise pelo que teve de ser hospitalizado novamente. Desta vez foi observado por um especialista que lhe alterou por completo a medicação. Resultado: os sintomas do paciente atenuaram de forma substancial.

Não era necessário ser médico ou ter o 12º ano para saber que aquele tratamento médico era altamente contraproducente. Após a medicação ter sido alterada o paciente efectivamente ficou muito melhor e conseguiu superar a crise com boa qualidade de vida. Escusado será dizer que se este paciente tivesse sido bem tratado de início eu nunca teria sido chamado de urgência. Obviamente que sinto orgulho no facto de ter ajudado este paciente. Mas tenho de admitir que a minha acção era completamente desnecessária caso o paciente tivesse sido bem tratado de início.

Muitos outros casos têm a ver com o atendimento médico. Quantos pacientes não dizem aos médicos que fazem outros tratamentos porque tem medo da sua reacção? Quantos pacientes não falam com os seus médicos porque são mal tratados? Quantos pacientes não têm medo de ser gozados? São muitos os pacientes que se encontram nesta situação. E caso o médico soubesse ouvir e falar com estes pacientes muitos não seriam enganados da forma que o são por terapeutas holístico-energéticos… nos quais se encontram muitos acupuntores.

Uma paciente após falar um pouco da sua infância a uma médica ouviu a resposta “isso já foi há muito tempo. Ainda se lembra disso? Não se chateie mais!”. O que é, sem dúvida, a melhor coisa a dizer a uma pessoa que sofreu imensa violência psicológica por parte da mãe, que foi abandonada pela mesma aos 8 anos e teve de viver abandonada nas ruas durante anos acabando a sua adolescência num colégio de freiras que não deixou as melhores recordações. É absolutamente excepcional.

Obviamente, esta paciente descrevia os médicos como “antipáticos” e referia que não gostava de falar com eles porque eram frios e brutos. E após ter sido vista por alguns médicos não conseguiu dizer nada de bom acerca de nenhum deles.

Parece que um atendimento humano é visto como algo pejurativo para muitos médicos. Não querem ouvir os pacientes, não dão atenção ao seu sofrimento, criticam-nos sempre que procuram outras alternativas e mostram aborrecimento por terem de os tratar. Um pouco mais de humanismo, humildade e competência por parte dos médicos seria sem dúvida um golpe duro para muitos terapeutas. Eu não teria ganho o dinheiro de domicílios e muitos pacientes não gastariam dinheiro em curas espirituais ou medicina quântica porque se sentem completamente abandonados pelos seus médicos.

Posso estar a ser muito directo ou agressivo com estas linhas mas no que concerne à dedicação aos doentes os maiores terapeutas alternativos parecem mesmo ser muitos médicos.